BRASIL | Economia verde vira aliada contra a alta de preços e a crise climática

Modelo sustentável pode reduzir impactos ambientais, criar empregos e ajudar no controle da inflação de alimentos

Baseado na publicação da ICL Notícias/Conhecimento, em 28 de março de 2025. | Imagem: Divulgação (ICL Notícias)

Diante da escalada dos preços de itens básicos como azeite, ovos e café, impulsionada por eventos climáticos extremos, a economia verde ganha força como estratégia para enfrentar a crise climática e proteger o bolso do consumidor. Com foco na produção de baixo carbono, no uso eficiente de recursos naturais e na inclusão social, o modelo sustentável surge como alternativa viável para conter a chamada “heatflation” — inflação provocada por ondas de calor — e promover crescimento econômico aliado à preservação ambiental. Estudo recente publicado pela revista Nature aponta que o aquecimento global pode elevar os preços dos alimentos em até 3% ao ano até 2035.

Nos supermercados, os efeitos das mudanças climáticas já são sentidos diretamente nas gôndolas. A seca no Mediterrâneo causou uma queda brusca na produção de azeitonas, fazendo o preço do azeite subir 50% nos últimos anos. O calor extremo de 2025 afetou a criação de galinhas poedeiras, contribuindo para um aumento de 67% no valor dos ovos. Já o café, produto fortemente ligado ao clima, acumulou alta de 58% no final de 2024 por conta da redução das chuvas em áreas produtoras do Brasil. Esses dados evidenciam como o clima está interferindo na oferta de alimentos e, consequentemente, nos gastos das famílias — especialmente as mais vulneráveis. Nesse contexto, práticas sustentáveis na produção agrícola, como rotação de culturas, reaproveitamento da água e tecnologias limpas, tornam-se medidas urgentes.

Além dos benefícios diretos para o consumidor, a transição para uma economia verde também aponta ganhos estruturais para o país. De acordo com um estudo do WRI Brasil, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a adoção de políticas voltadas à economia de baixo carbono pode acrescentar R$ 2,8 trilhões ao Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em dez anos e criar mais de dois milhões de empregos verdes. A pesquisa destaca ainda a importância de ações governamentais nesse processo, como a regulamentação do mercado de carbono — aprovado pela Câmara dos Deputados em 2023 — e incentivos fiscais, a exemplo do ICMS Verde, já adotado em estados como São Paulo e Paraná. Empresas brasileiras como Natura, Suzano e Petrobras também já participam de mercados voluntários de carbono e adotam práticas de compensação de emissões.

A economia verde, portanto, não é apenas uma alternativa ambiental, mas uma resposta estratégica e integrada aos desafios econômicos e sociais da atualidade. Ao promover o uso responsável dos recursos naturais, estimular cadeias produtivas mais resilientes e garantir oportunidades de emprego e renda, esse modelo coloca o Brasil em posição de destaque diante da urgência climática global. Seja por meio da mudança de hábitos de consumo, do engajamento do setor privado ou da atuação do poder público, a transição para uma economia mais sustentável é uma decisão coletiva que pode trazer resultados concretos no presente e impactos positivos para as próximas gerações.

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