Projeto de integração ferroviária e portuária com investimentos bilionários coloca a cidade no centro da infraestrutura sul-americana, com apoio do governo da Bahia
Baseado nas publicações de: Ministério do Planejamento e Orçamento, em 13 de maio de 2025; Secom/GOVBA, em 16 de abril de 2025; A Tarde (Lula Bonfim), em 12 de maio de 2025; A Tarde, 12 de maio de 2025. | Imagem: Divulgação/A Tarde

Ilhéus, tradicionalmente conhecida por sua importância econômica no setor de turismo e produção agrícola, agora se posiciona como um ponto chave na transformação da infraestrutura logística do Brasil. O município pode se tornar um elo estratégico em uma nova rota bioceânica, ligando o Brasil ao Oceano Pacífico. O projeto envolve a conclusão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e a implantação do Porto Sul, ambos com ponto final em Ilhéus e está sendo discutido entre os governos brasileiro e chinês. A proposta visa conectar a produção do interior do país, especialmente do Centro-Oeste e Norte, ao Porto de Chancay, no Peru, um dos maiores projetos logísticos da China na América do Sul, e, a partir daí, facilitar a exportação de produtos brasileiros para a Ásia.
A Fiol, com seus 1.527 km de extensão, terá um papel fundamental. A ferrovia, que liga o município de Ilhéus ao Tocantins, permitirá o transporte de commodities agrícolas e minerais até o litoral baiano, de onde seguirão diretamente para o Pacífico, por meio de uma conexão com o Porto de Chancay, no Peru. O governo federal, em parceria com a China, estuda um traçado alternativo para essa rota ferroviária, evitando a travessia da Floresta Amazônica, o que representa uma solução mais sustentável e logística, além de reduzir os custos e o tempo de transporte. A ideia é integrar a Fiol à Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), formando um corredor de transporte eficiente que favorece o escoamento da produção brasileira até o porto baiano.
Ilhéus, com seu Porto Sul planejado, se destaca como um ponto central nesse novo corredor logístico. A cidade tem uma localização estratégica no sul da Bahia, com proximidade ao Oceano Atlântico e acesso facilitado às rotas internacionais. Além disso, o Porto Sul, que será um dos maiores portos do país, será a porta de entrada para as exportações brasileiras na rota bioceânica, especialmente para as economias da Ásia. Com investimentos estimados em mais de R$ 30 bilhões, o projeto não só impulsionará a economia local, mas também terá um impacto significativo em todo o Nordeste, permitindo a movimentação de cargas com mais rapidez e competitividade no mercado internacional.
O interesse chinês por esse projeto está profundamente ligado à necessidade de diversificação das rotas comerciais da China, especialmente após as restrições impostas pelos Estados Unidos ao acesso ao Canal do Panamá. O Porto de Chancay, com investimentos de US$ 1,3 bilhão e construído pela estatal Cosco Shipping, dependerá de conexões ferroviárias com o Brasil para ganhar escala e competitividade. Nesse contexto, Ilhéus e o Porto Sul ganham relevância não apenas pelo potencial logístico, mas também pelo seu papel estratégico nas relações geopolíticas e comerciais globais.
A articulação para tornar esse projeto realidade tem sido intensa e envolve esforços coordenados entre os governos federal, estadual e municipal. Em missão oficial à China, o governador Jerônimo Rodrigues apresentou as vantagens competitivas da Bahia, destacando sua posição privilegiada no contexto de infraestrutura, energia renovável e mão de obra qualificada. Durante o Seminário Empresarial China-Brasil, o governador ressaltou a segurança jurídica e os incentivos fiscais oferecidos pelo estado, além de enfatizar o potencial da Bahia como líder em energia limpa — 98% da produção energética baiana provém de fontes renováveis. Empresas chinesas, como a BYD e a Goldwind, já demonstraram interesse em expandir suas operações no estado, o que reforça a viabilidade desse projeto de integração logística e energética.
O governo baiano também tem trabalhado para garantir que a integração da Fiol ao Novo PAC, que prevê a implementação da Ferrovia Norte-Sul e a concessão à iniciativa privada, aconteça de maneira fluida e eficiente. Com o apoio da administração estadual, a Bahia se posiciona como um ponto de convergência para investimentos não apenas em logística, mas também em tecnologia e inovação, reforçando a importância de Ilhéus como um futuro hub estratégico de transporte e desenvolvimento. Esse movimento visa não só colocar Ilhéus no centro da nova rota comercial entre o Brasil e a Ásia, mas também acelerar o crescimento da cidade e da região sul da Bahia, criando uma plataforma de negócios integrada e sustentável para o futuro.
Com uma visão clara de futuro e um conjunto de ações estratégicas, Ilhéus está se preparando para assumir um papel de liderança no cenário logístico sul-americano. O projeto bioceânico não só promete transformar a cidade em um polo de escoamento de produtos brasileiros para mercados internacionais, mas também reforçar a competitividade do Brasil no comércio global. A integração das diversas esferas de governo e o apoio de empresas internacionais são essenciais para garantir que esse projeto ambicioso se torne uma realidade concreta, trazendo benefícios duradouros para Ilhéus e para toda a Bahia.