ENTREVISTA | Mulheres que transformam: o empreendedorismo feminino ganha força em Ilhéus

Entrevista com Leidiane Brandão, consultora de negócios na MMoravel e embaixadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) em Ilhéus

No dia 08 de março, Ilhéus celebrará o Dia Internacional das Mulheres com um evento especial para fortalecer o empreendedorismo feminino. O Primeiro Café com Empreendedoras de Ilhéus (relembre aqui), organizado por Leidiane Brandão, embaixadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) em Ilhéus, reunirá mulheres que desejam trocar experiências, ampliar conexões e impulsionar seus negócios. Com palestras, pitchs e momentos de networking, o evento criará um ambiente inspirador para quem busca crescimento profissional e autonomia financeira.

À frente dessa iniciativa, Leidiane acompanha de perto a trajetória de muitas mulheres que transformam sonhos em negócios de sucesso. Consultora de negócios e fundadora da MMORÁVEL® | Inovação e Registro de Marcas, Leidiane possui mais de 10 anos de experiência em liderança em inovação e empreendedorismo, além de mestrado em desenvolvimento regional. Atua como mentora e embaixadora da RME, sendo reconhecida por seu compromisso em promover o empreendedorismo feminino em todos os níveis, desde situações de vulnerabilidade até lideranças de alto desempenho.

Conversamos com ela sobre o cenário do empreendedorismo em Ilhéus, os desafios enfrentados e as oportunidades para quem deseja empreender. Confira:

R73N: Leidiane, além de ser uma incentivadora do empreendedorismo feminino, você está organizando o Café com Empreendedoras de Ilhéus, um evento pensado para conectar e fortalecer as mulheres que empreendem. Como você enxerga o cenário do empreendedorismo em Ilhéus hoje? Quais os principais desafios e avanços que percebe?

Leidiane: Atuo no mercado de apoio ao empreendedorismo em Ilhéus há mais de uma década, trabalhando em projetos de inovação para diferentes segmentos e portes de negócios. Posso dizer que o cenário hoje é promissor, mas ainda enfrenta diversos desafios. Embora tenhamos visto um aumento significativo de empreendimentos avançando em nível de maturidade, muitos ainda enfrentam dificuldades como o acesso limitado a financiamento e a falta de conexão com redes de apoio sólidas. No entanto, também percebo avanços importantes, como o crescimento de iniciativas de capacitação, feiras e maior democratização de ferramentas de apoio aos negócios. No caso específico das mulheres, há barreiras, sobretudo, de sobrecarga e multiplicidade de jornadas. 

R73N: Para que esse cenário se torne ainda mais favorável e atraente para novas empreendedoras, o que ainda precisa melhorar? Há políticas públicas, capacitações ou incentivos que poderiam fazer a diferença?

Leidiane: Em minha experiência prática, que envolve desde a consultoria particular até aquelas estruturadas por políticas públicas, como programas de capacitação para exportação (ApexBrasil) ou digitalização de negócios (IRME e Visa Foundation), há algo além do crucial investimento em políticas públicas que incentivem o empreendedorismo feminino: alcançar as pessoas que mais precisam dessas ações. Muitas vezes há dificuldade de as políticas alcançarem o público-alvo. Programas como esses, que custam caro mas são gratuitos para o público, são percebidos com desconfiança. Frequentemente ouço: ‘No início resisti, pois achei muito bom para ser verdade’. Precisamos normalizar que merecemos iniciativas de alta qualidade para todos os níveis de negócio.

R73N: O evento que você organiza reforça a importância de dar o primeiro passo no mundo dos negócios. Para quem ainda tem receios ou dúvidas, qual o caminho ideal para começar? O que você considera essencial nessa fase inicial?

Leidiane: Gostaria de chamar a atenção para um levantamento do IBGE aponta que cerca de 20% das empresas no Brasil não sobrevivem ao primeiro ano. Isso reforça a necessidade de eventos como este, que vão além do primeiro passo, crucial como diz a tendência do momento (primeiro você começa e depois você melhora), e focam na melhoria contínua. Prefiro não voltar a atenção apenas para os primeiros passos, pois o evento reunirá desde mulheres em estágios preliminares até aquelas com grande sucesso, acumulando prêmios e exportando. A conexão é a principal ferramenta para quem está começando e continua sendo essencial para alcançar níveis de maturidade mais altos em todos os negócios.

R73N: A Rede Mulher Empreendedora tem desempenhado um papel essencial no apoio a empreendedoras em diversas cidades do Brasil. Como essa rede funciona na prática e de que forma as mulheres de Ilhéus podem se beneficiar dela?

Leidiane: A missão da RME é ajudar mulheres a alcançar a autonomia econômica e de decisão sobre seus negócios e suas vidas. Já tive a experiência prática de mentorando mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica nas maiores comunidades carentes do Brasil, por meio de projetos financiados pelo Google e Visa Foundation. Sei o quanto isso é transformador para as famílias e comunidades de entorno. Muitas das mulheres que ajudei a estruturar planos de negócios foram contempladas com capital semente de até 10 mil reais, algo realmente transformador em um ambiente de extrema escassez. No entanto, embora o foco em estágios de negócios iniciais seja indiscutível, é preciso chamar a atenção para as dificuldades estruturais que as mulheres enfrentam para alcançar níveis de liderança mais altos. O fomento da RME chega até esse outro extremo, impulsionando mulheres a chegar a altos níveis em multinacionais e negócios próprios. Com o apoio ao Programa Mulheres e Negócios Internacionais, já atuo de ponta a ponta. Ao longo dos 13 anos com a RME, impactamos direta e indiretamente mais de 9 milhões de pessoas, conectando mais de 900 mil nas redes sociais, mailing e grupos e oferecendo mais de 530 horas de conteúdo no YouTube. Ilhéus é convidada a acessar tudo isso e este evento é o primeiro de muitos, uma excelente porta de entrada para tudo que podemos fazer juntas nessa que é a primeira e maior rede de empreendedorismo do Brasil.

R73N: Empreender não é apenas abrir um negócio, mas também saber crescer e se reinventar. Quais são os principais erros que você observa em quem está começando e como evitá-los?

Leidiane: Sem dúvidas, o principal erro é o isolamento, não buscar ajuda ou mentoria. Isso, além da falta de planejamento e investimentos adequados. A diversidade de negócios que meu trabalho alcança é enorme e digo com firmeza: ninguém chega muito longe sem abertura para aprender. É crucial investir tempo na preparação dos negócios e não hesitar em procurar apoio de redes, organizações e consultorias que incentivem a inovação nos negócios.

O empreendedorismo feminino em Ilhéus tem avançado, impulsionado por redes de apoio, capacitação e pela troca de experiências entre mulheres. O Primeiro Café com Empreendedoras de Ilhéus é um exemplo desse movimento, que busca fortalecer negócios e ampliar oportunidades, mostrando que a conexão e o conhecimento são essenciais para o crescimento sustentável.

🔗 Saiba mais sobre o Café com Empreendedoras de Ilhéus e confira a programação completa do evento. Siga Leidiane nas redes sociais, em @leidianebrandaooficial e @mmoravel.

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