Pontífice argentino faleceu aos 88 anos no Vaticano; funeral será realizado no sábado com cerimônia na Basílica de São Pedro e participação de líderes mundiais
Baseado em publicações do ICL Notícias sobre o assunto. | Imagem: ICL Notícias (Reuters)

O Vaticano confirmou, na madrugada desta segunda-feira, 21, a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, na residência Santa Marta, onde vivia desde o início de seu pontificado. O falecimento ocorreu por complicações respiratórias, após semanas de internações e aparições públicas visivelmente debilitado. O funeral será realizado no sábado, 26, na Praça São Pedro, com a celebração da Missa Exequial presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
Nascido Jorge Mario Bergoglio, o pontífice argentino fez história ao ser o primeiro papa jesuíta e o primeiro da América Latina a assumir o trono de São Pedro. Ele foi eleito em 13 de março de 2013, sucedendo Bento XVI, que havia renunciado meses antes. Desde o início, Francisco surpreendeu o mundo ao adotar um estilo de vida simples, recusando os luxos do Palácio Apostólico e optando por morar na Casa Santa Marta, dentro do Vaticano.
Seu papado ficou marcado pela defesa de uma Igreja voltada aos pobres e aos excluídos, pelo combate à corrupção dentro da Cúria Romana e por uma postura firme diante das mudanças climáticas e das desigualdades sociais. Em documentos como as encíclicas Laudato Si’ e Fratelli Tutti, Francisco promoveu reflexões profundas sobre ecologia integral, justiça social e fraternidade universal.
Apesar das limitações de saúde nos últimos anos, o papa manteve uma rotina intensa até recentemente. Em março, foi internado para tratar uma infecção pulmonar e, embora tenha recebido alta, reapareceu com dificuldades visíveis durante a celebração da Páscoa. Seu último compromisso oficial ocorreu no Domingo da Divina Misericórdia, há uma semana, quando enviou uma mensagem gravada pedindo compaixão, solidariedade e paz.
A morte de Francisco gerou comoção em todo o mundo. Líderes políticos e religiosos emitiram notas destacando o compromisso do papa com a justiça, o meio ambiente e os direitos humanos. Na América Latina, onde sua trajetória teve forte impacto simbólico, presidentes e líderes de movimentos populares prestaram homenagens.
Com o falecimento, inicia-se um novo período de conclave para a escolha do sucessor. Segundo o Vaticano, o Colégio de Cardeais será convocado nos próximos dias para deliberar sobre a data de início da eleição. O processo será semelhante ao de 2013, com sessões secretas na Capela Sistina. Nos bastidores, especula-se que cardeais de perfil pastoral, especialmente da África e da Ásia, ganham força entre os eleitores.
Francisco deixa um legado de reformas, diálogo inter-religioso e proximidade com o povo. Foi um papa que visitou favelas, ilhas de refugiados, periferias urbanas e zonas de guerra. Em sua última mensagem ao mundo, semanas antes de morrer, escreveu: “A paz começa nos pequenos gestos. Cuidem uns dos outros.”
A visão de Francisco sobre a Igreja e o mundo foi marcada pelo seu compromisso com a sustentabilidade e a justiça social. Como destacou Leonardo Boff, teólogo e escritor brasileiro, ao refletir sobre o pontificado de Francisco: “Estamos diante de uma verdadeira mudança de era: saímos da era do crescimento ilimitado para a era da sustentabilidade global.” Essas palavras refletem a profundidade da visão do Papa, que não apenas se opôs ao consumismo desenfreado, mas também encorajou uma mudança de paradigma, onde o bem-estar do planeta e das futuras gerações é prioritário. O Papa Francisco, portanto, não foi apenas um líder espiritual, mas também um defensor da transformação global necessária para enfrentar as crises ambientais e sociais do século XXI.